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Maquiavel ainda vive?



A palavra maquiavélico se tornou um adjetivo quase sempre atribuído a nossos políticos. Hoje decidi reforçar o senso comum, deixar você indignado mais uma vez, mas, provavelmente, não com atitude suficiente para refletir e tentar mudar a situação. Acabo de ler “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel. Em vários momentos do livro percebi o quanto aquilo ilustrava uma situação contemporânea e como várias pessoas hoje em dia colocam em prática o que o autor escreveu. Irei transcrever algumas idéias presentes no livro para que vocês sejam capazes de testemunhar como aquilo que o autor escreveu, no século XVI, se aplica perfeitamente a nossa realidade.
A primeira analogia que fiz partiu do seguinte trecho: “Quando alguém é causa do poder de outrem, arruína-se, pois aquele poder vem de astúcia ou força, e qualquer destas é suspeita ao novo poderoso.” As últimas eleições me surpreenderam quando vi que Antônio Carlos Magalhães tinha perdido parte do poder na Bahia. Obviamente, existem inúmeras causas para este acontecimento, porém, será que a população daquele Estado vê em ACM Neto o mesmo poder do avô? Atribuem a ele a mesma autoridade? A conclusão a que Maquiavel chegou poderia explicar, em parte, a causa dessa perda de poder. Estando o poder de ACM ligado a tradição talvez os baianos suspeitem que o netinho não possua as mesmas habilidades do avô. Os baianos estariam, então, suspeitando do novo poderoso tendo em vista que a causa de seu poder está ligada a outra pessoa?
Já que mencionei tradição vou apresentá-los um outro trecho e comentarei sobre ele em seguida: “...não há coisa mais difícil, nem de êxito mais duvidoso, nem mais perigosa, do que o estabelecimento de novas leis. O novo legislador terá por inimigos todos aqueles a quem as leis antigas beneficiavam, e terá tímidos defensores nos que forem beneficiados pelo novo estado das coisas. Essa fraqueza nasce parte do medo dos adversários, parte da incredulidade dos homens, que não acreditam na verdade das coisas novas senão depois de uma firme experiência.” Sábias palavras. Algumas leis nunca são aprovadas no Brasil e, portanto, algumas realidades nunca se alteram por encontrar resistência de grandes grupos. Qual político legislaria algo novo passando a se tornar inimigo de todos aqueles poderosos que a antiga lei beneficiava? Qualquer político sensato com único objetivo de ocupar aquele cargo pelos próximos anos não faria essa loucura. Talvez alguns graves problemas nunca serão resolvidos.
Por falar em mudança definitiva observem esse trecho: “... um príncipe prudente deve cogitar da maneira de fazer-se sempre necessário aos seus súditos e de precisarem estes do Estado; depois, ser-lhe-ão sempre fiéis.” Confesso que eu talvez nem precisasse escrever as próximas linhas. Aqueles que duvidam da eficiência das políticas assistencialistas provavelmente já entenderam de imediato o que quero transmitir. De qualquer forma, vamos a elas. Talvez não tenham nascido com esse intuito, mas, programas como o Bolsa Família ao não resolverem definitivamente os problemas das famílias envolvidas estão criando milhões de súditos e fiéis ao Estado. A reeleição fica fácil se analisarmos com essa visão.
Prosseguindo e ampliando o foco. Vejamos o que Maquiavel nos fala sobre a guerra: “Deve, pois, um príncipe não ter outro objetivo nem outro pensamento, nem ter qualquer coisa como prática a não ser a guerra, o seu regulamento e sua disciplina, porque essa é a única arte que se espera de quem comanda”. Se expliquei o trecho do parágrafo anterior desnecessariamente, me recuso a explicar este. Basta que você leitor olhe o mundo ao seu redor. Vai entender perfeitamente o que Maquiavel nos trás. Seria ele capaz de fazer premonições ou seria apenas um observador atento da história?
Por fim, voltemos a nossos políticos. Proponho analisar dois trechos: “Vai tanta diferença entre o como se vive e o modo por que se deveria viver, que quem se preocupar com o que se deveria fazer em vez do que se faz aprende antes a ruína própria, do que o modo de se preservar; e um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus...” e “Procure, pois, um príncipe, vencer e conservar o Estado. Os meios que empregar serão sempre honrosos e louvados...” Se, como disse, maquiavélico se tornou um adjetivo, vemos que não é ao mero acaso. Maquiavel soube, como ninguém, descrever como os príncipes devem agir em diferentes situações com o único intuito de garantir e prorrogar seu reinado. Nesses dois trechos que transcrevi podemos ver que sua proposta é abandonar ideais utópicos, fazer o que for preciso para se preservar no poder e usar quaisquer meios para se garantir. Dois fragmentos que são um convite para mostrar que “O Príncipe” tem grandes chances de ser o livro de ouro de muitos lideres, sejam eles, eleitos, ditadores, ricos, operários, messiânicos, ateus... Muitos pensadores se dedicaram e se dedicam a entender a essência do Estado, sua existência, suas necessidade, seus deveres, sua realidade, etc. Maquiavel se preocupou em dar as ferramentas para líderes manterem-se no lugar em que chegaram e me parece que grande parte de nossos representantes deixaram de lado qualquer grande indagação e preferiram colocar em prática as idéias dele.

Bibliografia:
O príncipe - Nicolau Maquiavel
Coleção Os Pensadores
Abril Cultural
Primeiro Fragmento citado(ACM): Capítulo III, Página 21, Ùltimo parágrafo
Segundo fragmento citado(tradições): Capítulo VI, Págian 30, Segundo Parágrafo
Terc. Citação(Assistencialismo): Capítulo IX, Página 48, ùltimo parágrafo.
Quarta Cit.(Guerra): Capítulo XIV, Página 64, Primeiro parágrafo
Quinta e sexta citações: Capítulo XV, Página 69, primeiro parágrafo.

hmm
gostei x)

tem sempre akilo neh..concordo em parte, e descordo em outra x)

Esclareça as partes que concorda e aquelas que não. Faça nascer o debate.

Gostei muito do texto Marcelo. É uma pena eu não poder fazer todos os comentários que gostaria por falta de tempo e disposição. Mas ainda o farei, um dia...

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