sábado, agosto 11, 2007

Uma homenagem...

Eu ia prosseguir falando de assuntos nefastos mas fui surpreendido por um novo texto e mais ainda com a divulgação do Malvados. Decidi alterar um pouco o tema de meu texto escrevê-lo logo.

Uma homenagem...

Ela nasceu no dia 26 de maio do ano de 2006 exatamente às 21:07 da noite. Teve origem da persistência de seus pais uma vez que eles já tinham tentado fazer nascer algo parecido a ela. Foi uma gestação calculada, já previamente comunicada com aqueles que estavam envolvidos e que deixou feliz a todos. O seu futuro era visto como algo incerto, obviamente, mas era impossível não perceber as expectativas de seu crescimento e os sonhos daqueles que estavam envolvidos e acompanharam sua gestação. De fato, como quase todo nascimento, houve brilhos nos olhos de quem o acompanhou. Porém, as dificuldades logo vieram.

Por mais que nos quatro primeiros meses ela não tenha decepcionado, ela começava a apresentar um comportamento meio incerto, algo irregular. Começaram a nascer às primeiras dúvidas. A vida seguiu.
A verdade é que os problemas não desapareceram. A falta de tempo daqueles que davam vida a ela sempre a restringiu. Ela ora sofria com a ausência de uns, ora estava amparada pela dedicação de outros.

Tudo se agravou no mês de seu primeiro aniversário, a partir desta data podíamos prever uma morte pré-matura. Não foi bem assim, ela pareceu ter capacidade de mais alguns suspiros.
Hoje permanece viva, tem um ano e três meses. Está um pouco debilitada mas pode se recuperar.

Leitores atentos podem até não ter percebido a quem me refiro mas resolvi prestar aqui uma homenagem a Parede de Banheiro. Queria trazer nessas linhas o melhor que ela já produziu, os desafios que ela enfrenta e um pouco de reflexão sobre ela mesma.

Até hoje, contando com este, produzimos cinqüenta e cinco textos. Contando com uns bem simples de uma linha como a Apreciação do Silêncio e contando até com a historinha em quadrinhos publicada. Interessante é perceber que produzimos poesias, artigos, prosas e tudo com uma diversidade muito grande de temas. De comentários a respeito de filmes à descrição de um dia de vida, passando por assuntos carnavalescos, questões religiosas, copas do mundo, amores, corrupção, música clássica, férias, administração, etc.

Julho deste ano foi o mês com menor número de publicações, neste mês ninguém postou nenhum texto. O mês com maior número de publicações foi dezembro de 2006 com um total de sete publicações. Tivemos um total de sete escritores mas parece que apenas neste mês os sete de fato cumpriram com suas obrigações.

Ao longo de sua história a Parede passou por uma reestruturação, ficou com uma aparência mais séria e houve inclusive um documento para seus escritores ensinando como fazer os textos serem publicados com ilustrações, com uma melhor aparência e cada vez mais chamativos.

A crise que se iniciou a partir de maio quando apenas um texto foi publicado parecia anunciar o fim da parede já que os escritores sumiram, os textos não eram publicados e o seu criador estava viajando. Porém, a insistência de um dos escritores somada a divulgação do blog em um trabalho do malvados.com.br nos fez perceber que não é uma simples diversão escrever às nossas idéias mais obscuras, podemos ser conhecidos pelos nossos simples trabalhos. Assim como seu criador fez no dia 26 de maio de 2006, declaro mais uma vez inaugurada a Parede de Banheiro!

quarta-feira, agosto 08, 2007

Eu e a Polícia

Há algumas semanas, durante os jogos Pan-americanos, passei por uma situação inusitada. Numa das caminhadas que faço rotineiramente, em determinado momento, encontrei um sujeito com um colete de kevlar segurando um fuzil alemão. A fração de segundo que se passou entre essa visão e a leitura dos dizeres “Polícia Federal” em algum lugar da roupa dele foi assustadora. Nos próximos segundos passei por alguns companheiros de profissão desse primeiro homem, e pelas quatro blazers pretas que os levaram até ali.

Nada de errado até aqui. Mas, o que me chamou a atenção – consequentemente, o motivo que me fez expor tudo isso aqui – foi minha reação a isso. Ao ver que aquele pessoal de fuzil na mão era da Polícia, minha sensação foi, claro, de alívio. “Que bom que são policiais!”, pensei. Não pude impedir a pergunta lógica: por que diabos aquele monte de policiais estava ali?

Estranho como nessas horas as perguntas lógicas não têm respostas lógicas. A verdade é que eu nunca fiquei sabendo se havia realmente um motivo para a presença deles ali (melhor assim, acho). De toda forma, o que eu passei a questionar foi: o fato de eles estarem ali afinal era bom ou ruim?

Eu deveria me sentir tranqüilo por estar sendo protegido pela Polícia – expressão maior do monopólio da violência pelo Estado? Qualquer um que leia jornais sabe que não é bem assim. Afinal, se a violência fosse de fato monopolizada pelo Estado, aqueles homens não teriam fuzis nem kevlar. Ademais, acho extremamente difícil me imaginar seguro cercado por dez desconhecidos armados daquele jeito, sejam quem forem. Deveria eu então me sentir ameaçado por aquelas pessoas? Não creio, afinal, sabe-se que muita gente por aí usa uns fuzis bem parecidos com aqueles pra coisa bem pior. Sei que, apesar do poder de fogo daquele pessoal, nenhum tiro foi disparado ali, ninguém se feriu. Se não fossem policiais, isso certamente teria sido diferente.

Algumas semanas se passaram desde então, e ainda não cheguei a nenhuma conclusão nisso. O fato a ser encarado é que a violência, tanto contra a população como em nome dela, é normal. Por mais que isso me incomode, e com certeza incomoda a muitos outros além de mim, conviveremos com isso até o fim de nossos dias. Não estou dizendo que isso não é um problema, estou dizendo que a violência se arraigou na nossa normalidade. A redução da violência requer a alteração do que é “normal” pra nós. E não se trata de um reles conceito.

Para terminar, uma conclusão até bastante óbvia:
Tenho pena dos que viveram, vivem, ou viverão em guerra...

PS.: Enquanto membro fundador da Parede de Banheiro, parabenizo todos os envolvidos nesse blog por termos completado um ano de atividade. Tudo bem que o aniversário da Parede foi em 26 de Maio, mas isso não vem ao caso. Obrigado Rafael, Leo, Cadu, Marcelo, Davi, Ygor, e a todos os leitores.

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