quarta-feira, janeiro 31, 2007

Nobres campos ...




O campo que tanto produz é também o responsável por tão graves efeitos colaterais.
Era pra produzir o alimento que mata a fome de nosso povo, mas produz pela semente alterada o bem que estiver em alta nos mercados internacionais...


Produzido na longa extensão de terra por máquinas importadas e utilizando água que vem do lençol, não é o mesmo lençol que cobre o corpo do desempregado estendido no chão, ele morrera de fome, necessitava do alimento que foi vendido para os chineses, morreu, nem sequer viu o dinheiro das negociações.
Essas volumosas quantias talvez tenham apenas mantido o luxo do pomposo empresário da promissora agroindústria.
Mesmo não tendo visto tudo que aconteceu ele percebera de muito longe que algo estava errado...

Por que o Brasil não cresce?

Num ambiente externo sem nenhuma grande crise, câmbio valorizado ante o dólar, recordes sucessivos de superávits na balança comerical, inflação sob controle, maior atração de investimentos estrangeiros, redução (mesmo que pífia) dos índices de desemprego e crescimento da maioria dos indicadores econômicos.Qualquer pessoa que estivessse em Marte nos últimos quatro anos e desembarcasse no Brasil em 2007 custaria acreditar que este foi o cenário fiel da economia de um país classificado como "nação em desenvolvimento".

Se em uma das pontas temos um cenário econômico bom, na outra ponta temos o eterno problema da economia: estar sempre aquém do esperado.A ressalva refere-s ea incapacidade de o País - mesmo inserido em um contexto estável, bem diferente da década de 90 - em crescer a taxas superiores a 3%.O "aquém do esperado" é consenso na opinião de dez entre dez especialistas da área.E as questões que ficam são sempre as mesmas: apesar de todos os bons indicadores, porque o Brasil não apresenta crescimento mais sustentado? É possível seguir os passos das hoje potências em desenvolvimento China e Índia e, literalmente, turbinar o PIB (Produto Interno Bruto) a taxas superiores a 10% nos próximos anos?Então, porquê, afinal, o Brasil simplesmente não cresce mais?

Hojé é de comum consenso também que, evidentemente, não há um fator que explique, mas vários.O maior deles é, com toda certeza, a nossa altíssima taxa básica de juro, que representa ao mesmo tempo, desestímulo ao capital privado e ao consumo.

A taxa básica de juro brasileira, conhecida como Selic, está atualmente fixada em 13,25% ,o que a coloca entre as maiores, se não a maior, de todo o planeta.Uma taxa tão alta torna qualquer empréstimo bancário, abertura de crediário ou mesmo a compra de um carro mais onerosos para os brasileiros, ao passo que, desestimula os investimentos mais pesados, já que os empresários e o próprio governo desembolsam muito mais verba para financiar seus projetos.

Outro inimigo forte no front de batalha para alavancar a economia é a nossa alta carga tributária que é cheia de distorções e injustiças.Qualquer crescimento, só é possível depois de passar por uma verdadeira reforma tributária.Atualmente, os impostos consomem 40% de todas as riquezas produzidas pelo Brasil e "os serviços prestados" para a população estão muito aquém disto.

Crescer de forma sustentada só se consegue através de avanços estruturais que garantam um cenário político mais propício aos investimentos e à ampliação da capacidade instalada da indústria.As empresas precisam de garantias a longo prazo, sobretudo no aspecto fiscal.

E, como não poderia ser diferente, outro forte inimigo que puxa o freio toda vez que "estamos por cima" é a buroracia.Esta, em todas as suas esferas, é um dos principais desafios para os gestores. O país precisa de um conjunto de minireformas para se tornar mais atrativo aos investimentos.Para se criar empregos é necessário dar oportunidade para a abertura de empresas, e isto está intimamente ligado a redução da burocracia.

Especialistas dizem que o crescimento a longo prazo necessita de investimentos, tecnologia e recursos humanos, três das áreas das quais o Brasil é, ainda, carente. O governo tem de investir mais e cortar os gastos públicos, criando assim condições favoráveis para tornar os investimentos mais rentáveis.

Mas não deve haver uma obsessão pelo crescimento a qualquer custo.É preciso ter cautela.Países como a China, cujos projetos comprometem o meio ambiente, e Índia,que mantém excluída 80% da população, podem até ter um crescimento fora do comum, mas quem "paga o pato" dessa obsessão, é o planeta.Mas isto é discussão para outro artigo.Para o Brasil, devemos criar o nosso próprio caminho, já que não achamos nenhum compátivel com a nossa "cara".

Ygor Coutinho Antunes, é colunista da DesignCenter e articulista do Parede de Banheiro.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Nada de novo.

Não tenho nada de novo para escrever hoje. Poderia falar sobre a cratera em São Paulo, ou do camarada que venceu as eleições no Equador. São as únicas notícias em qualquer jornal. Sobre a cratera, eu não sei quase nada. Sei que abriu um buraco numa obra de metrô, e que enquanto os homens da superfície buscam culpados, almas agonizam em baixo de toneladas de terra, na busca pela libertação final.Sobre o cara que ganhou a eleição no Equador, tudo que sei é que ele é mais uma esperança na transição socialista latino-americana. Mas não é sobre isso que quero escrever. Gostaria de escrever sobre uma bela moça numa tarde cinzenta, que colore sua face ao ler esta peça de merda(piece of shit, sempre quis fazer isso). Talvez asssim ela deixasse de ser tal peça. Ou sobre um grupo de almigos, que com certeza, em algum lugar do mundo nessa mesma hora, estão reunidos num quarto enfumaçado se extasiando com algum disco do velho Floyd. Ou quem sabe sobre mim mesmo, sentado na frente de um computador, escrevendo e ouvindo Tanto Mar, do inquestionável Chico. Nada de novo. Nada, de novo. Mas alguém podia pelo menos se lembrar das almas agonizantes embaixo do inferno.

domingo, janeiro 07, 2007

Por que Saddam morreu? Quem matou?

Passam-se os primeiros dias de 2007 e o mundo caminha calmamente em suas primeiras semanas sem Saddam. O assassinato do ex-ditador não pareceu abalar nada no mundo ocidental. Uma pena. Para citar um dos ditados da vovó: "pimenta nos olhos dos outros é refresco". Devo explicar-lhes que, a meu ver, a execução de Saddam do modo que foi feita não é nada além de uma demonstração do poder despótico norte-americano. Um retrocesso no progresso de integração política pelo qual o mundo vem passando.

O século XX foi marcado pelo surgimento de (e pela luta contra) vários tipos de regimes autoritários ao redor do mundo, de czares a aiatolás. O governo de Saddam no Iraque foi, o tempo todo, uma ditadura típica: apoiada e louvada enquanto útil, mas escorraçada e atacada quando incomodava. E convenhamos, Saddam já não agradava ninguém há muito tempo, pelo menos ninguém que devia, nenhum dos "manda-chuvas" globais. Por isso o Iraque foi atacado (não, as armas de destrição em massa não têm nada a ver), o governo norte-americano, num "exercício de sua soberania", fez uma guerra "preventiva" com o interesse de caçar a cabeça do homem que poderia lhes dificultar o acesso ao petróleo.

Aqueles que lêem meus textos sabem que gosto de fazer referência a autores clássicos. Dessa vez, gostaria de comparar o modo como se deram a captura e o julgamento de Saddam ao que Montesquieu chama de "Despotismo". Em outras palavras, se compararmos o mundo a um Estado, podemos dizer que o governo do mesmo não esteve sujeito a nenhuma lei ou código moral, mas apenas à vontade do "príncipe" - mas quem seria esse príncipe? Deve-se ter cuidado com a resposta dada, pois sabemos bem que vários interesses de peso levavam à morte do ditador. E por falar no despotismo, Montesquieu também diz que ele é pautado inteiramente no medo, e simplesmente não pode funcionar em um Estado em que o povo não teme o "prínicpe". Parece muito adequado para um cenário em que se começa a falar em "terrorismo de Estado".

E é isso senhores, meu texto desse mês é esse punhado de frases mal-articuladas. No entanto, gostaria de deixar um detalhe bem claro. Quis me referir aqui apenas ao modo como se capturou o líder de um povo, como se substituiu o governo de um Estado e de como se ordenou a execução de seu antigo soberano. Não quis em momento algum me posicionar a respeito desse fato ter sido positivo ou negativo, apenas protesto contra a arbitrariedade na tomada de decisões relativas a questões delicadas da política internacional.

Obrigado, e até a próxima.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Contagem Regressiva


Chuvoso. Como o primeiro dia do ano ousa ser assim, chuvoso? É um desrespeito com as pessoas que, como eu, estão o aguardando a tanto tempo, incansáveis. Esperamos 365 outros dias passarem, só pra ver chegar o primeiro dia do novo ano, e ele chega chuvoso. Por falar em esperar, alguém já observou como é interessante essa nossa mania de sempre esperar por datas? Vivemos quase que exclusivamente em função disso! Começamos o ano já esperando pelo carnaval. Ele passa e logo estamos esperando pela páscoa, ou pela festa típica da nossa cidade. Ela também passa, e já já estamos nós aguardando o feriado de primeiro de maio. E assim seguimos, o ano todo, esperando por feriados. A festa junina, a independência, a proclamação da república. Cada feriado nos dá mais fôlego para aguentar o dia-a-dia. Quando não têm feriados próximos o fim de semana é nosso consolo.

Acho que isso é uma forma que nosso inconsciente encontra de nos manter na linha, sem que enlouqueçamos com a estressante rotina que é a vida. É como se fosse um consolo: "Continue, falta pouco, vai! O fim de semana já vem pra você poder aproveitar!". Eu particularmente não sei viver sem isso. Enquanto não estou vivendo os momentos de feriados e finais de semana, estou fazendo uma das duas coisas: pensando nos bons momentos de feriados e fins de semana que já passaram ou planejando bons momentos para feriados e fins de semana que estão por vir. Se não fossem eles acho que minha vida não teria sentido. É, vivemos de esperar e lembrar feriados.

Ainda assim, com essa nossa enorme ânsia por todas as datas simbólicas, nenhuma delas é tão aguardada e festejada quanto a virada do ano. Parece que um ano de cansaço e sofrimento sempre acaba, e que um novo ano de alegrias e prosperidade começa. Pura ilusão. Vem ano, vai ano, é tudo igual. Não vamos ficar livres de trabalhar, não vamos ficar milionários da noite pro dia no novo ano, e os políticos vão continuar corruptos. O Brasil não vai virar potência mundial, e os preços vão continuar subindo, enquanto os salários caem. Ainda assim, ainda conscientes da ilusão que é tudo isso, aguardamos ansiosos o famoso dia primeiro de janeiro do ano que vem. Talvez toda essa ansiedade e resignação diante dessa ilusão consciente tenha um nome: esperança. Esperança de que vamos enfim conseguir comprar aquele carrinho que há tanto paqueramos. Ou de começar aquele negócio que com certeza absoluta vai nos fazer ricos e tranqüilos para todo o sempre (ainda que isso seja ilusão). Ou ainda de fazer aquela viagem que se planeja a tanto tempo. Ah! Tanta coisa boa esperada por tanto tempo, até que, enfim, chega o novo ano. Talvez por isso eu tenha ficado tão decepcionado, pra não dizer revoltado, com o aspecto do primeiro dia do ano: chuvoso.

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