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Por que Saddam morreu? Quem matou?

Passam-se os primeiros dias de 2007 e o mundo caminha calmamente em suas primeiras semanas sem Saddam. O assassinato do ex-ditador não pareceu abalar nada no mundo ocidental. Uma pena. Para citar um dos ditados da vovó: "pimenta nos olhos dos outros é refresco". Devo explicar-lhes que, a meu ver, a execução de Saddam do modo que foi feita não é nada além de uma demonstração do poder despótico norte-americano. Um retrocesso no progresso de integração política pelo qual o mundo vem passando.

O século XX foi marcado pelo surgimento de (e pela luta contra) vários tipos de regimes autoritários ao redor do mundo, de czares a aiatolás. O governo de Saddam no Iraque foi, o tempo todo, uma ditadura típica: apoiada e louvada enquanto útil, mas escorraçada e atacada quando incomodava. E convenhamos, Saddam já não agradava ninguém há muito tempo, pelo menos ninguém que devia, nenhum dos "manda-chuvas" globais. Por isso o Iraque foi atacado (não, as armas de destrição em massa não têm nada a ver), o governo norte-americano, num "exercício de sua soberania", fez uma guerra "preventiva" com o interesse de caçar a cabeça do homem que poderia lhes dificultar o acesso ao petróleo.

Aqueles que lêem meus textos sabem que gosto de fazer referência a autores clássicos. Dessa vez, gostaria de comparar o modo como se deram a captura e o julgamento de Saddam ao que Montesquieu chama de "Despotismo". Em outras palavras, se compararmos o mundo a um Estado, podemos dizer que o governo do mesmo não esteve sujeito a nenhuma lei ou código moral, mas apenas à vontade do "príncipe" - mas quem seria esse príncipe? Deve-se ter cuidado com a resposta dada, pois sabemos bem que vários interesses de peso levavam à morte do ditador. E por falar no despotismo, Montesquieu também diz que ele é pautado inteiramente no medo, e simplesmente não pode funcionar em um Estado em que o povo não teme o "prínicpe". Parece muito adequado para um cenário em que se começa a falar em "terrorismo de Estado".

E é isso senhores, meu texto desse mês é esse punhado de frases mal-articuladas. No entanto, gostaria de deixar um detalhe bem claro. Quis me referir aqui apenas ao modo como se capturou o líder de um povo, como se substituiu o governo de um Estado e de como se ordenou a execução de seu antigo soberano. Não quis em momento algum me posicionar a respeito desse fato ter sido positivo ou negativo, apenas protesto contra a arbitrariedade na tomada de decisões relativas a questões delicadas da política internacional.

Obrigado, e até a próxima.

Não gostei do título.

Sim, claro... eu apenas citei a definição de Despotismo que Montesquieu dá em seu livro "Do Espírito das Leis". Não fiz nenhuma referência à obra de Maquiavel, apenas usei o termo "príncipe" para me referir ao governante, no caso, ao déspota.

hahahahahhahahahahahh

"E por falar no despotismo, Montesquieu também diz que ele é pautado inteiramente no medo, e simplesmente não pode funcionar em um Estado em que o povo não teme o "prínicpe"."

Foi Maquiavel que falou que o príncipe deve ser temido. Amado e temido, mas antes temido que amado. Mais ou menos com essas palavras.

Sobre a morte de Saddam, ele foi julgado no Iraque. Eu sinceramente não penso que os americanos querem transformar alguém que representa o que eles dizem combater em mártir. Não acho que sejam burros para tanto.

Maquiavel diz que o príncipe deve ser temido, Montesquieu diz que o princípio do governo despótico é o medo. É diferente, a menos que se considere que Maquiavel é um cientista político essencialmente despótico. O que não é verdade, visto que ele considera a possibilidade do "príncipe" ser amado, o que, segundo Montesquieu, só pode ser dar em repúblicas e monarquias, nunca no despotismo.

Quanto à martirização de Saddam, eu realmente acho que a diferença é pequena. Ele já era adorado por um grupo, e continua sendo. O que eu questiono é apenas o fato de ele ter sido julgado no Iraque. Se ele foi preso por cometer crimes contra a humanidade, que fosse julgado pelo CIJ. A meu ver, nenhum governo tem autoridade para julgar crimes que dizem respeito à humanidade como um todo, apenas isso.

Todo crime diz respeito à humanidade como um todo.

Discordo. Se o som do meu carro for furtado, a humanidade não está nem aí. É diferente de atacar cidades inteiras com armas químicas.

Se considerarmos que Saddan foi colocado lá, com seu poder despótico, pelos mesmos que o executaram, então a pena caberia à esses. Quando os próprios o julgam, é lógico que nada é legítimo.
No entando, não estamos falando do líder de um povo, até porque, se como o próprio autor do texto disse que ele "foi colocado lá", então como ele pode ser líder de um povo? só é lider de um povo quem é colocado no poder pelo povo.

Me referi a Saddam como um líder pelo poder carismático que ele exercia (e exerce) sobre determinado grupo étnico (que chamei de "povo"). Independente da legitimação democrática do poder.

BOm de fato, a execução de Saddam nao nos mostra nada mais do que já sabemos a muito e muito tempo.Sim, os EUA mandam no mundo..todos sabemos disso...não é de hj isso.

O autor do texto, ja no seu final, diz que seu objetivo não era ponderar sobre o acontecido.Mas creio que em todos nós fica aquela ânsia "poxa, mais um que os EUA executaram".Tá certo que ele foi um ditador tirano e mato muita gente, mas ser enforcado? Convenhamos, o século 16 fico a muito para trás.

Mesmo que nao queira, todos nós aqui estamos um pouco ressentidos com tudo isso.A morte de Saddam só prova que todos nós estamos certo quando dizemos "os chefes do mundo são os EUA", mas e dai?

Nao concordo com o companheiro Francisco que indagou que só é líder de um povo quem é colocado no poder pelo povo.
Nem sempre é assim.As pessoas podem ser líderes do povo se forem do povo.Uma pessoa da elite, mesmo que tenha sido eleita pela grande maioria do povo, ela jamais vai governar para o povo e sim para a elite.É muito relativo isso...

Não entendi a analogia do enforcamento com o século XVI... a menos que a intenção fosse dizer que seria mais propício ao nosso tempo matá-lo na câmara de gás... o que não faz a menor diferença

E mesmo que faça, o seculo XVI não ficou há muito pra trás não... os progressos que se fizeram em termos socio-políticos não foram tão grandes assim...

No meu entendimento (ie, opinião pessoal) só é líder legítimo de um povo aquele que o povo elege como tal. E a partir da eleição, só o povo tem autoridade pra tirar o poder desse líder. Lembrando que nem toda eleição, nesse caso, é uma eleição nos moldes a que estamos acostumados, com cédulas, contagem de voto e etc. Por exemplo, creio poder dizer que Gandhi foi um líder eleito pelo seu povo, isto é, reconhecido e legitimado como tal.

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