Num ambiente externo sem nenhuma grande crise, câmbio valorizado ante o dólar, recordes sucessivos de superávits na balança comerical, inflação sob controle, maior atração de investimentos estrangeiros, redução (mesmo que pífia) dos índices de desemprego e crescimento da maioria dos indicadores econômicos.Qualquer pessoa que estivessse em Marte nos últimos quatro anos e desembarcasse no Brasil em 2007 custaria acreditar que este foi o cenário fiel da economia de um país classificado como "nação em desenvolvimento".
Se em uma das pontas temos um cenário econômico bom, na outra ponta temos o eterno problema da economia: estar sempre aquém do esperado.A ressalva refere-s ea incapacidade de o País - mesmo inserido em um contexto estável, bem diferente da década de 90 - em crescer a taxas superiores a 3%.O "aquém do esperado" é consenso na opinião de dez entre dez especialistas da área.E as questões que ficam são sempre as mesmas: apesar de todos os bons indicadores, porque o Brasil não apresenta crescimento mais sustentado? É possível seguir os passos das hoje potências em desenvolvimento China e Índia e, literalmente, turbinar o PIB (Produto Interno Bruto) a taxas superiores a 10% nos próximos anos?Então, porquê, afinal, o Brasil simplesmente não cresce mais?
Hojé é de comum consenso também que, evidentemente, não há um fator que explique, mas vários.O maior deles é, com toda certeza, a nossa altíssima taxa básica de juro, que representa ao mesmo tempo, desestímulo ao capital privado e ao consumo.
A taxa básica de juro brasileira, conhecida como Selic, está atualmente fixada em 13,25% ,o que a coloca entre as maiores, se não a maior, de todo o planeta.Uma taxa tão alta torna qualquer empréstimo bancário, abertura de crediário ou mesmo a compra de um carro mais onerosos para os brasileiros, ao passo que, desestimula os investimentos mais pesados, já que os empresários e o próprio governo desembolsam muito mais verba para financiar seus projetos.
Outro inimigo forte no front de batalha para alavancar a economia é a nossa alta carga tributária que é cheia de distorções e injustiças.Qualquer crescimento, só é possível depois de passar por uma verdadeira reforma tributária.Atualmente, os impostos consomem 40% de todas as riquezas produzidas pelo Brasil e "os serviços prestados" para a população estão muito aquém disto.
Crescer de forma sustentada só se consegue através de avanços estruturais que garantam um cenário político mais propício aos investimentos e à ampliação da capacidade instalada da indústria.As empresas precisam de garantias a longo prazo, sobretudo no aspecto fiscal.
E, como não poderia ser diferente, outro forte inimigo que puxa o freio toda vez que "estamos por cima" é a buroracia.Esta, em todas as suas esferas, é um dos principais desafios para os gestores. O país precisa de um conjunto de minireformas para se tornar mais atrativo aos investimentos.Para se criar empregos é necessário dar oportunidade para a abertura de empresas, e isto está intimamente ligado a redução da burocracia.
Especialistas dizem que o crescimento a longo prazo necessita de investimentos, tecnologia e recursos humanos, três das áreas das quais o Brasil é, ainda, carente. O governo tem de investir mais e cortar os gastos públicos, criando assim condições favoráveis para tornar os investimentos mais rentáveis.
Mas não deve haver uma obsessão pelo crescimento a qualquer custo.É preciso ter cautela.Países como a China, cujos projetos comprometem o meio ambiente, e Índia,que mantém excluída 80% da população, podem até ter um crescimento fora do comum, mas quem "paga o pato" dessa obsessão, é o planeta.Mas isto é discussão para outro artigo.Para o Brasil, devemos criar o nosso próprio caminho, já que não achamos nenhum compátivel com a nossa "cara".
Ygor Coutinho Antunes, é colunista da
DesignCenter e articulista do
Parede de Banheiro.