Mero produto ou agente incapaz?
Procuro tentar entender nossa realidade. Quais as coisas que fazem com nos encontramos como somos hoje?
A pergunta se apresenta bastante filosófica, por isso, vou simplificar: Vivemos essa realidade brasileira como mero arranjo e produto das ações e vontades de outros ao longo da história ou somos totalmente responsáveis pelo que vivemos hoje?
Longe de qualquer um desses extremos defendo um estágio intermediário em que vivemos como resultado histórico de um emaranhado de ações influenciadas pela nossa cultura e maneira de encarar a realidade.
Gostaria de me ater hoje (como forma de homenagem) em meu texto a alguns aspectos culturais que enxergo ser um empecilho para o nosso crescimento tanto econômico quanto social ou político.
O belo “jeitinho brasileiro” é para mim o pior de todos os elementos de nossa cultura. Fazer tudo com o mínimo esforço, da maneira menos trabalhosa e de última hora não me parece algo grandioso e que deva ser idolatrado como é.
A improvisação clamada junto à idolatria desse jeitinho também não é admirada por minha pessoa. Pode ser a demonstração de extrema criatividade de nosso povo, mas na maioria dos casos não passa de solução para aquilo que não temos a menor capacidade de fazer ou que é solução imediata para um erro ocorrido anteriormente.
Outro elemento que repudio e que já ganhou existência própria estando presente na cabeça de cada brasileiro praticamente desde o instante em que ele começa a respirar é a idéia de que vivemos no país do futebol e carnaval. Que trágica concepção agindo como um entorpecente diante de nossas mazelas.
Por último e para ser breve apresento outra postura que me entristece. A concepção que o brasileiro tem do que é público. O público é visto por nós não como aquilo que é de todos e sim como aquilo que não é de ninguém, podendo assim, ser usado da pior maneira e sem o menor zelo.
Tristes pequenos atos que nos fazem também tão pequenos. Detalhes que junto ao rumo que tomamos ao longo da história nos fazem tão decadentes.
Fica aqui meu apelo e a certeza que, como afirmava Gandhi (ele tem a nos ensinar mais que Jesus), devemos fazer em nós mesmos a mudança que queremos ver no mundo. Por mais ridículo e manjado que possa parecer, faça a sua parte, comece por você.