quinta-feira, outubro 26, 2006

Mero produto ou agente incapaz?


Procuro tentar entender nossa realidade. Quais as coisas que fazem com nos encontramos como somos hoje?
A pergunta se apresenta bastante filosófica, por isso, vou simplificar: Vivemos essa realidade brasileira como mero arranjo e produto das ações e vontades de outros ao longo da história ou somos totalmente responsáveis pelo que vivemos hoje?
Longe de qualquer um desses extremos defendo um estágio intermediário em que vivemos como resultado histórico de um emaranhado de ações influenciadas pela nossa cultura e maneira de encarar a realidade.
Gostaria de me ater hoje (como forma de homenagem) em meu texto a alguns aspectos culturais que enxergo ser um empecilho para o nosso crescimento tanto econômico quanto social ou político.
O belo “jeitinho brasileiro” é para mim o pior de todos os elementos de nossa cultura. Fazer tudo com o mínimo esforço, da maneira menos trabalhosa e de última hora não me parece algo grandioso e que deva ser idolatrado como é.
A improvisação clamada junto à idolatria desse jeitinho também não é admirada por minha pessoa. Pode ser a demonstração de extrema criatividade de nosso povo, mas na maioria dos casos não passa de solução para aquilo que não temos a menor capacidade de fazer ou que é solução imediata para um erro ocorrido anteriormente.
Outro elemento que repudio e que já ganhou existência própria estando presente na cabeça de cada brasileiro praticamente desde o instante em que ele começa a respirar é a idéia de que vivemos no país do futebol e carnaval. Que trágica concepção agindo como um entorpecente diante de nossas mazelas.
Por último e para ser breve apresento outra postura que me entristece. A concepção que o brasileiro tem do que é público. O público é visto por nós não como aquilo que é de todos e sim como aquilo que não é de ninguém, podendo assim, ser usado da pior maneira e sem o menor zelo.
Tristes pequenos atos que nos fazem também tão pequenos. Detalhes que junto ao rumo que tomamos ao longo da história nos fazem tão decadentes.
Fica aqui meu apelo e a certeza que, como afirmava Gandhi (ele tem a nos ensinar mais que Jesus), devemos fazer em nós mesmos a mudança que queremos ver no mundo. Por mais ridículo e manjado que possa parecer, faça a sua parte
, comece por você
.

sábado, outubro 14, 2006

A Sociedade Patense

Antes de mais nada peço sinceras desculpas pela minha falta de dedicação com a Parede. Creio que, mesmo que ninguém leia o que se escreve aqui, ela ainda serve como meio de desabafo. Bom, vamos lá, mais um texto gratuito postado por este humilde bastardo.

Como já antecipou o título, (grande mentira, a esta altura ainda não o escrevi) hoje falarei sobre a sociedade patense. Mas não essa casca que vemos em fotos nas colunas sociais, em eventos pela cidade, ou em programas nessa pobre emissora que se proclama "a nossa tv" (sic.), rindo tão amarelo quanto a gema do ovo às claras do dia. Removamos pois essa casca, e encontraremos a podridão que corrói essa decadente sociedade. Patos de Minas se autodestruirá lenta e gradativamente, sua própria sociedade se incumbirá, ainda que despropositadamente, de levar essa tão bela cidade às ruínas da memória.

Não, caro leitor, a cidade não explodirá e todos morrerão numa melodia infernal, não, não é bem isso. Mas, chegará a um ponto em que o transtorno dos valores será tão grande, que ficará impossível um julgamento justo entre o certo e o errado. A sociedade perderá sua moral e a cidade se transformará num enorme prostíbulo. Porque o que vemos é um cojunto de falidos que posam de ricos e compram enormes caminhonetes (fiado) e seus filhos quase sempre menores de idade frequentando todas as "baladas" da cidade fazendo uso de substâncias, sendo bem gentil, psicodélicas, para fugir da "dura" realidade cotidiana. Como diria Humberto Gessinger: "É pura pose(...)e o pior não é isso". E não é mesmo. Além disso esses pobre jovens estão em estado pior que o de alienação. O de achar que não o são. Discutem assuntos que se referem ao futuro do país com o conhecimento de um jogador de futebol (aliás sem ofensas aos mesmos, que são bons no que precisam ser, talvez alguns não, mas enfim). Acham-se preparados para enfrentar os desafios vindouros frequentando mais os "points" da cidade do que a própria escola. E como não dizer, voltando aos progenitores, dos pais que têm como prioridade uma acumulação primata de capital, em detrimento do provimento de escola de qualidade para esses pobres jovens. Ora, também esses muitas vezes não fazem por merecer esse provimento. Puxa vida, que parágrafo enorme. Gostaria eu de ter o dom da jurisprudência para dividí-lo em incisos e alíneas.

Não, não vou agora oferecer soluções para resolver, ou mesmo contornar esse problema. Talvez seja necessário que a sociedade sucumba para ressurgir renovada, como o pássaro mitólogico denominado fênix, que ressurge de suas próprias cinzas (analogia barata e cliché). O que me consola é que pelo menos um dos colunistas dessa parede há de concordar comigo, pois, como ele mesmo diz:

"Patos é meu playground, venho aqui só pra me divertir"

Vocês saberão quem ele é.

p.s.: Estou concretizando minha proposta de textos mais curtos.Não é preguiça. Só acho que se formos mais sintéticos, talvez nós mesmos visitaríamos a Parede com mais freqüência, e atinjamos um público maior.
Afinal: "Nínguém escreve livros em Paredes de Banheiro."

sábado, outubro 07, 2006

Boca de Urna

Olá (e)leitores,

Hoje meu tema é o mais óbvio possível. Eleições. Tendo em vista o resultado nem um pouco favorável (porém, totalmente previsível) do primeiro turno, venho aqui deixar meu ponto de vista a respeito desse resultado, e do segundo turno que se segue.

Em primeiro lugar, não acho que nenhum dos dois candidatos que aí estão vale os preciosos minutos que eu perco com eles. Os dois bons candidatos que eu achava que poderiam governar de maneira digna pararam no primeiro turno. Gostaria de alertar para a votação completamente inexpressiva de ambos, principalmente para o fato de os votos nulos os ter superado. Eu sinceramente não creio que todo aquele volume de votos anulados venha de anarquistas, revolucionários extremistas e similares. Interpreto o volume de votos anulados semana passada como desinformação, ou medo. Qual a origem deles? Posso lhes poupar da resposta, já sabem minha opinião a respeito.

Porém, não podemos também nivelar os restantes. Ambos os governos já mostraram grande subordinação ao capital, cada um a seu jeito, mas é inegável que a política “entreguista” (como diziam nos anos 50/60), de privatizações é muito mais prejudicial do que a mercantilização do ensino e a política monetária que vêm sendo praticados (até porque, esses dois seriam praticados de qualquer maneira, até pior). Por isso, gostaria também de expressar minha revolta perante a esquerda brasileira que, se dizendo única opção de esquerda, cruza os braços e apenas assiste velhas figuras da política nacional se estapearem por meia dúzia (de milhões) de votos. Retomo a crítica que fiz há alguns meses e repito: falta Maquiavel (Sun-Tzu, pra quem preferir), para perceberem que a melhor derrota é melhor que a pior vitória. Falta História, pois estamos hoje caminhando para o mesmo erro (não em proporções, pela graça de deus) da Alemanha da década de 30, que viu um certo partidinho nacional-socialista eleger Hitler se aproveitando do racha no seio da esquerda alemã.

Como eu disse, não podemos nivelar os candidatos restantes. O melhor deles é ruim, mas está ainda longe de ser igualado pelo outro. Peço que tomem cuidado ao diferenciar os dois. Peço que analisem a história por trás dos mesmos. Não dos candidatos (eles não vão mandar nada mesmo), mas das pessoas próximas à candidatura e dos partidos envolvidos.

Em suma, essas eleições foram perdidas. Passa-se mais uma página da história brasileira com decepção acumulada. Afinal, a eleição de 2010 também será (afinal, pra um sujeito que se elege governador do segundo maior colégio eleitoral do país com 80% dos votos não se eleger presidente muita coisa tem que mudar), provavelmente 2014 também (maldita reeleição). Com esse segundo turno, a situação tende a se complicar exponencialmente. Por isso clamo pela conscientização do eleitorado. Como não podemos votar nos melhores, votemos, por favor, nos melhores disponíveis. Faz sim diferença, e muita.

Agradeço pela atenção e pelo espaço,
Peço desculpas por qualquer erro grosseiro,

Pedro Salgado

PS: Também gostaria de dizer que estou de luto pelo Estado do Rio de Janeiro, que deve eleger Sérgio Cabral no segundo turno. Por Deus!!! Urna não é privada!!!

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